Deixar Portugal é sempre muito melancólico para mim. Não sei porque, mas sempre saio de lá com muitas saudades. Saudades nem sei de que. Talvez saudades do que ainda não conheci...
Mas, a vida segue adiante. E lá fomos nós para o aeroporto.
E o aeroporto de Lisboa é bem estranho para os brasileiros. Pois para embarcar, todos entram por um mesmo portão, onde há a revista. Todas as pessoas são revistadas, naquele procedimento básico a que estamos todos acostumados, inclusive as pessoas que vão fazer vôos "internos" (vôos para os países da zona do Euro são considerados internos). Depois disso, entramos na área de embarque interno (só que sem nenhuma sinalização), onde tem praça de alimentação e lojas do free shop. Depois de comer e fazer suas compras, os brasileiros se encaminham para os portões de embarque de seus vôos e aqui é que vem a surpresa. Apesar de já ter passado pela alfândega, na revista, agora tem que passar pela alfândega que vistoria os passaportes. Há três filas, a dos passaportes com chip (que passam numas catracas tipo do metrô com o passaporte e é bem mais rápida, mas que só alguns poucos brasileiros têm), a dos passaportes da comunidade européia (que talvez por causa da crise, estava muito pequena) e a dos demais passaportes (onde uma fila interminável de brasileiros ficam a reclamar que vão perder o voo porque estavam no free shop e acharam que não tinha mais fila para pegar). Aqui é o maior barato. Os brasileiros reclamam que não sabiam e que o voo já está saindo. Os portugueses respondem que tem que esperar e que dá tempo de pegar o voo. Os brasileiros reclamam que os portugueses são mal-criados e grosseiros. Os portugueses acham que os brasileiros são todos folgados e mal-educados. E nós ali no meio... rsrs No final dá tempo de todo mundo pegar o voo, raríssimas exceções.
Para mim, muito divertido.
O que não foi nada divertido foi o voo de volta. Não sei porque, mas a TAP resolveu acabar com o voo noturno. Um verdadeiro inferno para as mães com crianças. O que fazer num voo de 10 horas (um pouco mais) para entreter uma criança. Em voos noturnos elas dormem. Mas nos diurnos, com um espaço tão restrito, haja criatividade. É caderno para desenhar, desenho para ver na TV do avião, joguinhos no tablet do pai, passeios pelo corredor com a avó (para fazer amigos), tentativas de sonecas que nunca acontecem, enfim, uma canseira só. Se um voo de 10 horas é cansativo para qualquer ser humano, imagina então com criança...
Fica aqui meu apelo à TAP (e todas as companhias aéreas que fazem voos longos): por favor, retomem os voos noturnos. As mães de todo o mundo agradecem.
Chegamos em São Paulo por volta das 9 da noite. E até pegar a bagagem, sair do embarque sem nem uma olhadinha no free shop (estava tão cansada que não tive ânimo nem para comprar chocolates), parar para a Marcela comer um pãozinho de queijo (acho que é o que ela mais sente falta quando estamos fora do Brasil), pegar um táxi com um taxista que queria por todo o custo conversar (e nós só queríamos dormir), chegamos em casa por volta das 11 da noite (ou 3 da manhã no horário português).
Foi só o tempo de escovar os dentes, colocar um pijama e dormir.
No dia seguinte abrimos as malas, separamos algumas coisas e fizemos novas malas para passar o final de semana em Santos. Afinal, tínhamos que levar a minha mãe e também votar. As eleições foram no domingo 07/10. E o melhor de viajar nesse período foi o de não ter que aguentar o horário político...rsrs